domingo, 21 de dezembro de 2008

SERA QUE CONHECEMOS AS PESSOAS COM QUEM CONVIVEMOS? Sylvia M.Syrdahl Soler



Uma estória... ou seria história?! Pense e decida....




"Certa vez, trabalhei em uma pequena empresa de Engenharia. Foi lá que fiquei conhecendo um rapaz chamado Mauro. Ele era grandalhão e gostava de fazer brincadeiras com os outros, sempre pregando pequenas peças.

Havia também o Ernani, que era um pouco mais velho que o resto do grupo. Sempre quieto, inofensivo, à parte, Ernani costumava comer o seu lanche sozinho, num canto da sala. Ele não participava das brincadeiras que fazíamos após o almoço, sendo que, ao terminar a refeição, sempre sentava sozinho debaixo de uma árvore mais distante.

Devido a esse seu comportamento, Ernani era o alvo natural das brincadeiras e piadas do grupo. Ora ele encontrava um sapo na marmita, ora um rato morto em seu chapéu. E o que achávamos mais incrível é que ele sempre aceitava aquilo sem ficar bravo.

Em um feriado prolongado, Mauro resolveu ir pescar no Pantanal. Antes, nos prometeu que, se conseguisse sucesso, iria dar um pouco do resultado da pesca para cada um de nós. No seu retorno, ficamos todos muito animados quando vimos que ele havia pescado alguns dourados enormes. Mauro, entretanto, levou-nos para um canto e nos disse que tinha preparado uma boa peça para aplicar no Ernani.

Mauro dividira os dourados, fazendo pacotes com uma boa porção para cada um de nós. Mas, a ’peça’ programada era que ele havia separado os restos dos peixes num pacote maior, à parte.

"Vai ser muito engraçado quando o Ernani desembrulhar esse ’presente’ e encontrar espinhas, peles e vísceras!", disse-nos Mauro, que já estava se divertindo com aquilo.

Mauro então distribuiu os pacotes no horário do almoço. Cada um de nós, que ia abrindo o seu pacote contendo uma bela porção de peixe, então dizia: "Obrigado!".

Mas o maior pacote de todos, ele deixou por último. Era para o Ernani. Todos nós já estávamos quase explodindo de vontade de rir, sendo que Mauro exibia um ar especial, de grande satisfação. Como sempre, Ernani estava sentado sozinho, no lado mais afastado da grande mesa. Mauro então levou o pacote para perto dele, e todos ficamos na expectativa do que estava para acontecer.
Ernani não era o tipo de muitas palavras. Ele falava tão pouco que, muitas vezes, nem se percebia que ele estava por perto. Em três anos, ele provavelmente não tinha dito nem cem palavras ao todo. Por isso, o que aconteceu a seguir nos pegou de surpresa. Ele pegou o pacote firmemente nas mãos e o levantou devagar, com um grande sorriso no rosto. Foi então que notamos que seus olhos estavam brilhando. Por alguns momentos, o seu pomo de Adão se moveu para cima e para baixo, até ele conseguir controlar sua emoção.

"Eu sabia que você não ia se esquecer de mim", disse com a voz embargada.- "Eu sabia, você é grandalhão e gosta de fazer brincadeiras, mas sempre soube que você tem um bom coração".
Ele engoliu em seco novamente, e continuou falando, dessa vez para todos nós:- "Eu sei que não tenho sido muito participativo com vocês, mas nunca foi por má intenção. Sabem... Eu tenho cinco filhos em casa, e uma esposa inválida, que há quatro anos está presa na cama. E estou ciente de que ela nunca mais vai melhorar. Às vezes, quando ela passa mal, eu tenho que ficar a noite inteira acordado, cuidando dela. E a maior parte do meu salário tem sido para os seus médicos e os remédios. As crianças fazem o que podem para ajudar, mas tem sido difícil colocar comida para todos na mesa. Vocês talvez achem esquisito que eu vá comer o meu almoço sozinho, num canto... Bem, é que eu fico meio envergonhado, porque na maioria das vezes eu não tenho nada para pôr no meu sanduíche. Ou, como hoje, eu tinha somente uma batata na minha marmita. Mas eu quero que saibam que essa porção de peixe representa, realmente, muito para mim. Provavelmente muito mais do que para qualquer um de vocês, porque hoje à noite os meus filhos..."

Ele limpou as lágrimas dos olhos com as costas das mãos. - "Hoje à noite os meus filhos vão ter, realmente, depois de alguns anos..." e ele começou a abrir o pacote...

Nós tínhamos estado prestando tanta atenção no Ernani, enquanto ele falava, que nem havíamos notado a reação do Mauro. Mas agora, todos percebemos a sua aflição quando ele saltou e tentou pegar o pacote das mãos do Ernani. Mas era tarde demais. Ernani já tinha aberto e pacote e estava, agora, examinando cada pedaço de espinha, cada porção de pele e de vísceras, levantando cada rabo de peixe.

Era para ter sido tão engraçado, mas ninguém riu. Todos nós ficamos olhando para baixo. E a pior parte foi quando Ernani, tentando sorrir, falou a mesma coisa que todos nós havíamos dito anteriormente: - "Obrigado!".

Em silêncio, um a um, cada um dos colegas pegou o seu pacote e o colocou na frente do Ernani, porque depois de muitos anos nós havíamos, de repente, entendido quem era realmente o Ernani.

Uma semana depois, a esposa de Ernani faleceu. Cada um de nós, daquele grupo, passou então a ajudar as cinco crianças. Mauro, hoje aposentado, continua fazendo brincadeiras; entretanto, são de um tipo muito diferente: Ele organizou nove grupos de voluntários que distribuem brinquedos para crianças hospitalizadas e as entretêm com jogos, estórias e outros divertimentos.

Às vezes, convivemos por muitos anos com uma pessoa, para só então percebermos que mal a conhecemos. Nunca lhe demos a devida atenção; não demonstramos qualquer interesse pelas coisas dela; ignoramos as suas ansiedades ou os seus problemas."





Li a estória acima em um blog, e me fez lembrar muito de nossos alunos na FAD - Faculdade Diadema.

Neste segundo semestre que passou, Reinaldo foi convidado a dar aulas na Educação Física e Pedagogia, e eu pude acompanhá-lo a muitas de suas aulas.

A cada aula, Reinaldo iniciava as atividades com um de seus Jogos de Apresentação, onde de várias maneiras os alunos não só se apresentavam mas também compartilhavam um pouco de si.
Algumas turmas já estava juntas há 5 semestres e constatamos que muitos sequer haviam conversado durantes esses semestres passados. Se sabiam o nome uns dos outros era muito....mas não sabiam quem eram seus colegas, o que faziam, como viviam, o que sonhavam.

Com o decorrer das aulas, a cada jogo, a cada atividade, a aproximação foi ocorrendo, histórias de cada um foram sendo contadas, e todos foram se descobrindo, muitas vezes emocionando a todos.

Chegamos então ao fim de um semestre, cheio de emoções, risadas, diversão e muito aprendizado. Aprendizado compartilhado entre mestres e aprendizes.... uma troca constante , que energizou ao Reinaldo e a mim.

Vimos que há solução para essa Educação, e principalmente que há pessoas interessadas em modificá-la. Mas o principal vimos que todos têm uma história, uma vida e que devemos conhecer sempre as pessoas que estão em nossas vidas, seja por um dia ou por muitos meses ou anos ao invés de julgá-los apenas pela aparência.

Durante o semestre vimos que cada um tem sua importância e foi imprescindível para a nossa caminhada, fazendo-nos ter certeza de que estamos no caminho certo, e que a Cooperação, Compreensão e o Respeito são importantes para uma Educação e uma vida melhor.

Cada Ernani sabe o fardo que carrega... , PORTANTO, DEVEMOS SEMPRE RESPEITAR O JEITO DE SER DE CADA UM.

VAMOS NOS PREOCUPAR MAIS UNS COM OS OUTROS,

VAMOS PARAR DE APONTAR O DEDO,

VAMOS NOS AJUDAR MAIS,

VAMOS AMAR E PERMITIR SER AMADO!


Desejamos a todos muito sucesso e uma imensidão de alegrias e amor em 2009.
Abraços Cooperativos,

Sylvia e Reinaldo Soler

sábado, 1 de novembro de 2008

Um pouco mais sobre essa tal APRENDIZAGEM COOPERATIVA - Sylvia Marit Syrdahl Soler


Conforme já dito anteriormente, a APRENDIZAGEM COOPERATIVA é um método de ensino onde times pequenos e heterogêneos de alunos trabalham juntos para alcançarem um objetivo em comum.
Em times, os alunos trabalham para aprender e são responsáveis pelo próprio aprendizado, mas também de todo time.


Durante a APRENDIZAGEM COOPERATIVA utilizamos as ESTRUTURAS que nos ajudam a manter os participantes dos times trabalhando em equipe para seu aprendizado. Essas estruturas também contemplam as diversas MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS.

Para Vygotsky, o desenvolvimento consiste num processo de aprendizagem do uso das ferramentas intelectuais, através da interação com outros mais experimentados no uso dessas ferramentas. ( Palinesar, Brown e Campione, 1993)



Quatro são os PRINCÍPIOS BÁSICOS DA APRENDIZAGEM COOPERATIVA:

1- INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA:



É responsável pela COOPERAÇÃO. Através desse princípio os alunos percebem que sua participação não é apenas benéfica para seu próprio aprendizado, mas também é benéfico para o time.

O trabalho em equipe maximiza o aprendizado dos participantes através da COOPERAÇÃO e do COMPARTILHAMENTO DE SABERES.

Para sabermos se a INTERDEPENDÊNCIA POSITIVA está acontecendo devemos nos fazer as seguintes perguntas:

" Os resultados e ganhos de um participante está associado aos resultados e ganhos dos demais participantes?"
" É necessária ajuda?"

2- RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL:

A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL é a chave para assegurar que todos os participantes sejam fortalecidos através do aprendizado pela cooperação.

Através da RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL devemos garantir que todos cumprirão com sua parte na elaboração da tarefa e evitar os famosos alunos “caronas”, que só querem aproveitar a viagem.

A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL é responsável pela PRODUÇÃO dos alunos, sua participação no processo, aumentando seus GANHOS ACADÊMICOS.

Devemos nos perguntar:
- “É necessária a apresentação pública individual?”
- “ Para quem é feita? “
-“E sobre o que é?”

3- PARTICIPAÇÃO IGUALITÁRIA:


É responsável por evitar que participantes NÃO PRODUZAM.
A participação poderá ser por TURNO, onde cada um fala na sua vez, ou por TEMPO, onde cada participante tem um tempo para dar a sua colaboração a atividade.

Devemos sempre perguntar:
-“ Quão igualitária é a participação dos participantes?”

4- INTERAÇÃO SIMULTÂNEA:


Responsável pelo ENGAJAMENTO dos alunos nas atividades.
A pergunta é:
Qual porcentagem está realmente ativa ao mesmo tempo?

Para refletir: Segundo Edgard Morin ( Antropólogo):
“ O objetivo da educação não é o de somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda vida, onde ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros.”

QUAIS OS OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM COOPERATIVA?
1- CONSTRUÇÃO DO ESPÍRITO DE CLASSE:

O objetivo é criar no grupo a vontade de COOPERAR.
Com isso observamos:

* estabelecimento de confiança;
*apoio mútuo;
*respeito das diferenças, valorização das similaridades;
* estimulação do desenvolvimento social;
* reparação e crescimento da auto-estima;
* estabelece-se um relacionamento interpessoal positivo, independente das diferenças existentes.

As atividades para Construção do Espírito de Classe devem ter uma duraçãod e até 5 minutos e podem acontecer quantas vezes necessárias para praticar conteúdos programáticos, e ao menos uma vez na semana quando utilizada para diversão e quebra-gelo.

As atividades de Construção de Espírito de Classe todos devem:
* Levantar-se;
* Mover-se pela sala;
* Trabalhar com todos.

2- CONSTRUÇÃO DE TIMES:

Nesse caso, estimula-se o desenvolvimento da vontade de COOPERAR com os demais participantes do time.

Através das atividades para a CONSTRUÇÃO de times, observamos os mesmos efeitos que observamos para Construção do Espírito de Classe.

As atividades para CONSTRUÇÃO DE TIMES devem ocorrer ao menos duas vezes na semana. Devem ser compostas por perguntas divertidas, com perguntas fáceis para contemplar os alunos de baixo rendimento, e não ser associado a conteúdo algum. O objetivo maior é estreitar os laços dos participantes dos times.

3- COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES:

Podemos realizar atividades com o objetivo de haver COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÕES entre participantes do mesmo time, entre times, e entre colegas de classe.

Para atingir esse objetivo, podemos realizar atividades através de pesquisas de informações realizadas em casa, listas, relatórios, artigos.

O objetivo é que cada participante ou aluno dê sua contribuição, compartilhando as informações que tem a respeito de determinado conteúdo.

4- MAESTRIA:
As atividades que tem como objetivo a MAESTRIA devem checar o quanto os alunos sabem sobre o conteúdo. Para isso utilizamos atividades com questões convergentes que exijam respostas de alta definição e conteúdo. É indicado para revisão de conteúdos.

5- HABILIDADES DE REFLEXÃO:
  • Utilizam-se questões que exijam reflexão, raciocínio, avaliação, opinião, análise pessoal de cada aluno;
  • Requer questões com respostas divergentes;
  • Estimulam o respeito das diferenças de opinião;
  • Percepção de que outras opções são válidas;
  • Criam situações onde os times e seus participantes devem refletir e resolver as questões problemas;Desenvolvem pensamento crítico e análise;
  • Facilitam o entendimento de conceitos abstratos.

6- HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO:

Esse objetivo da APRENDIZAGEM COOPERATIVA funciona como: Reguladores de Comunicação:


*Responsável pela equalização da comunicação através de turnos e de tempo;

*Evita a presença de alunos que se “ encostam” nos demais. Tomada de Decisão:

*Exige dos times uma tomada de decisão em conjunto; Construtores de Comunicação:

*Abordam habilidades específicas como parafrasear, ouvir, articulação verbal, contato visual.

Como resultado podemos observar o estímulo e desenvolvimento da expressão oral, além de capacitar os alunospara estarem aptos a expressar e compartilhar idéias e opiniões, argumentarem, debaterem, sem no entanto levar ao combate de idéias divergentes.


REDEFININDO ATIVIDADES E LIÇÕES:


CONTEÚDO + ESTRUTURA = ATIVIDADE

A ESTRUTURA é livre de conteúdo. Quando o Educador adiciona o CONTEÚDO a uma ESTRUTURA ele cria uma ATIVIDADE. Cada ESTRUTURA pode ser usada para fernar um número infinito de atividades.


Para ensinar um CONTEÚDO nos usamos uma ESTRUTURAS e qual ESTRUTURA o Educador escolher determinará não apenas quão bem o CONTEÚDO será aprendido e retido pelos alunos, mas também irá ser responsável por outros resultados.


"Não faça uma aula de APRENDIZAGEM COOPERATIVA! Com ESTRUTURAS você pode fazer a APRENDIZAGEM COOPERATIVA parte de qualquer aula." - Spencer Kagan


Spencer Kagan desenvolveu estratégias que eram como regras de jogos. Para os alunos essas estratégias pareciam familiares, pois já estavam acostumados com jogos de tabuleiro e suas regras variadas. Os alunos vêem as ESTRUTURAS como jogos, fáceis de aprender, e fáceis de jogar.


Quando os Educadores usam as ESTRUTURAS, eles fazem uma grande diferença na maneira como os alunos participam, como eles interagem, como tratam uns aos outros e no quanto eles aprendem.

Conforme Kagan foi desenvolvendo essas estratégias , percebeu que estava desenvolvendo um método de ensino, e para isso precisaria dar um nome a essas estratégias poderosas, uma vez que o termo ESTRATÉGIAS não distinguia os métodos dos demais métodos utilizados para escrita, leitura, matemática, que os professores utilizadam por anos. Essas ESTRATÉGIAS são diferentes, pois são maneiras de moldar a interação dos alunos sobre o conteúdo.

As ESTRUTURAS são a forma como desenvolveremos o conteúdo nos times de forma Cooperativa, contemplando os 4 Princípios citados acima.

Existem mais de 160 tipos diferentes ESTRUTURAS , criadas por SPENCER KAGAN, capazes de tornarem as aulas dinâmicas e divertidas e que devem mirar e desenvolver:


•As 8 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
• As quinze VIRTUDES mais importantes.
• As quinze HABILIDADES DE REFLEXÃO mais importantes.
• As cinco dimensões da INTELIGÊNCIA
• Os cinco SISTEMAS DE MEMÓRIA mais importantes identificados pelas pesquisas do cérebro
• Aquisição de linguagem dos alunos em todos os estágios do DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM.

As ESTRUTURAS podem ser aplicadas com qualquer conteúdo e sempre que o professor sentir que é necessário.Nada impede que em situações que sejam necessárias, que o Educador faça uso de atividades individuais.

O uso das ESTRUTURAS contemplam diferentes INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS fazendo com que mais alunos sejam alcançados com o aprendizado. O Educador deve ter em mente que a cada 30 a 50 minutos de atividades sentados os alunos necessitam realizar atividades onde tenham que se movimentar. Esse tipo de atividades fará com que a oxigenação e o nível de glicose no cérebro aumente em 10% e com isso a concentração e o aprendizado também. Todo cérebro necessita de informação, emoção, segurança, socialização e nutrição que é feita pela glicose e pelo oxigênio.

A APRENDIZAGEM COOPERATIVA para funcionar deverá manter seus alunos interessados e em estado de alerta. Uma vez aprendida, as ESTRUTURAS se tornam a maneira como os Educadores ensinaram para a vida toda.


POR QUE USAR AS ESTRUTURAS DE APRENDIZAGEM COOPERATIVA?

  • Aumento dos resultados acadêmicos;
  • Maior retenção dos conteúdos ensinados;
  • Recuperação e aumento da auto-estima;
  • Melhora significativa nas relações interpessoais e interraciais;
  • Prazer em estar na escola;
  • Maior comprometimento nas aulas;
  • Contemplação as Múltiplas Inteligências;
  • Melhora no caráter dos alunos;
  • Aumento do prazer em ensinar;
  • Melhora no relacionamento Professor-Aluno;
  • Cérebro estimulante;
  • Desenvolve habilidades de reflexão, comunicação, sociais;
  • Problemas de disciplina e “bullying” diminuem.

Foi observada uma melhora considerável nas relações humanas entre alunos em salas multi-raciais e em escolas Americanas que fazem uso das ESTRUTURAS. Não é impossível sonhar e acreditar que no futuro as pessoas não se vejam mais como " nosso" e "deles", mas sim como "nós". Se diariamente fizermos essa transformação em nossas salas de aula, quando enviarmos nossos alunos para o mundo, teremos uma maior possibilidade de atingir nosso objetivo de termos uma humanidade mais pacífica e cooperativa, onde os valores humanos sejam importantes e praticados todos os dias, e onde as pessoas se coloquem sempre no lugar uns dos outros, evitando assim guerras, ofensas e desunião.

Como Educadores, cabe a nós ajudarmos para que isso não seja apenas um sonho, mas um caminho para a realidade.



NO PRÓXIMO POST:
CONCEITOS CHAVES PARA A APRENDIZAGEM COOPERATIVA
ALGUMAS ESTRUTURAS
VAMOS CELEBRAR???






domingo, 19 de outubro de 2008

BASTA!!!! - Prof. Reinaldo Soler



Mais uma vez nos deparamos com uma situação extrema e violenta na cidade de São Paulo e de novo nos sentimos impotentes. Acompanhamos dia-a-dia a situação se agravar e percebemos que estamos à deriva sem poder contar com alguém.


Nossa sociedade a cada dia que passa caminha para uma situação caótica e sem limites, muitas vezes fechamos os olhos para não ver, mas nossos corações sentem que não dá mais para fugir, temos que de alguma forma reverter essa situação.


Acompanhamos cada minuto segurando a respiração e querendo que algo bom acontecesse, mas estava fora de nossas mãos, só nos restava rezar e esperar.


Os personagens da trama já faziam parte de nossas vidas e olhávamos para eles como se já os conhecêssemos, imaginei várias vezes meus filhos naquele lugar, passando por aquela situação. E se fossem meus filhos? E se fossem seus filhos?


Quando as autoridades vão acordar para o que está acontecendo todos os dias, violência sem limites, isolamento, degradação humana, falta de amor, etc.


Acredito que a única saída seja a Educação, por isso insisto na mesma tecla, vamos valorizar e dar condições para que a Educação brasileira faça a diferença, investindo em novas normas, valores e atitudes, temos que de alguma maneira criar condições para que as futuras gerações não passem por isso.


Com o fim trágico acredito que todos erraram, não sobra nenhum acerto, pois o que aconteceu é fruto do que fazemos com nossa sociedade, isolando e investindo na educação baseada na disputa, competição desenfreada e reforçando a violência para se alcançar o que quer.


Enfim, somos todos perdedores, pois de alguma forma não fizemos nada, temos a percepção do que é preciso para transformar nossa sociedade, mas muito pouco é feito nessa direção, as pessoas estão muito mais preocupadas com seus próprios umbigos e enquanto isso nossos filhos estão morrendo.


Depois dos fatos escutamos diversas autoridades e especialistas falando, mas ninguém tem a coragem de colocar o dedo na ferida e falar com todas as letras: nossa sociedade está doente, e precisamos juntos encontrar uma saída, que atenda a todas as nossas expectativas de viver em um mundo melhor.


Quantas Isabelas mais serão jogadas e Eloás serão assassinadas para que possamos fazer alguma coisa.


Depois de mais um episódio como esse chegamos a terrível conclusão: eram nossos filhos que estavam lá dentro daquele pequeno apartamento.



terça-feira, 7 de outubro de 2008

COMO TRATAR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS - Profs. Reinaldo Soler e Sylvia Syrdahl Soler

AUTO-ESTIMA

Podemos dizer que é a avaliação que a pessoa faz das diferentes representações que tem de si mesmo.


“ATRAVÉS DO BRINCAR E DAS BRINCADEIRAS, A CRIANÇA ESTABELECE SEU CONTROLE INTERIOR, SUA AUTO-ESTIMA E DESENVOLVE RELAÇÕES DE CONFIANÇA CONSIGO MESMA E COM OS OUTROS”.
(GABARDINO)



ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA:




A surdez pode ser classificada em 4 categorias:

Surdez leve: Perda auditiva entre 20dc e 40dc .
Surdez média: Perda auditiva entre 40dc e 70dc .
Surdez severa: Perda auditiva entre 70dc e 90dc .
Surdez profunda: Perda auditiva acima de 90dc .


Relação Professor/aluno:
* Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar
* Acene para a pessoa surda quando ela não estiver prestando atenção em você. Outra saída é tocar o seu braço.
* Quando estiver falando com ela, fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras.
* Use um tom normal de voz. Gritar nunca adianta.
* Fale diretamente com a pessoa, nunca do lado ou atrás dela.
* Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, se você desviar o olhar a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
* Lembre-se que a pessoa surda pode e deve participar de qualquer atividade proposta, pois a deficiência auditiva não a impede.
* Devemos estar atentos à comunicação, que é o problema principal aqui.
* Devemos sempre colocá-los na frente da turma.
* Falar de forma lenta, pois há alunos que conseguem ler os movimentos dos lábios. O professor deve falar o mais claro possível, evitando ficar de costas para eles.
* Lembrar que o ritmo da criança com deficiência auditiva e menor, pois necessita de um tempo para entender o que o professor fala. (Entendendo é tão rápido quando qualquer um).

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL:



Os deficientes visuais são aqueles cujas perdas visuais parciais ou totais, após melhor correção ótica ou cirúrgica, limitem seu desempenho normal.



Podemos classificar as dificuldades visuais em dois tipos:
Deficiência visual total: Onde há perda total ou resíduo mínimo de visão.
Deficiência visual parcial: Onde há resíduos visuais ou de luminosidade.



Relação Professor/aluno:
* Não criar baixa expectativa apenas com base na deficiência.
* Descrever as atividades com clareza, pois o aluno precisará entendê-las para executá-las.
* Caso sua ajuda se faça necessária, coloque a mão da criança no seu cotovelo dobrado. Ela deverá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando.
* Ampliar o tempo disponível para cada atividade.
* Avisar sempre sobre o espaço destinado a atividade, se possui piso escorregadio, buracos ou obstáculos.
* Empregue um tom de voz natural e não pense que o aluno tem algum grau de surdez.
* Ajude só na medida do necessário.
* O professor deverá ter um comportamento o mais natural possível, não devendo superproteger o aluno, muito menos ignorá-lo. E sim tratar a pessoa com respeito e consideração.
* O professor deverá ter um comportamento o mais natural possível, não devendo superproteger o aluno, muito menos ignorá-lo. E sim tratar a pessoa com respeito e consideração.
* Deixe que a pessoa resolva como quer ou como pode participar.
* Quando terminar a atividade avise sempre o deficiente visual.

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MOTORA:




São considerados deficientes motores as pessoas com perda total ou parcial da capacidade motora ocasionada por acidente diversos e/ou lesão cerebral.
A deficiência física pode ser classificada em 5 categorias:
Monoplegia: paralisia em apenas um membro do corpo.
Hemiplegia: Paralisia total das funções de um dos lados do corpo.
Paraplegia: Paralisia da cintura para baixo comprometendo as funções das pernas.
Tetraplegia: Paralisia do pescoço para baixo comprometendo as funções dos braços e das pernas.
Amputação: Falta total ou parcial de um ou mais membros do corpo.



Relação Professor/aluno:
* Se a pessoa usar uma cadeira de rodas, não fale por muito tempo dando explicações demoradas, pois é incomodo ficar olhando para cima por muito tempo. Se for possível lembre-se de se sentar.
* A cadeira de rodas é parte do espaço corporal da pessoa quase uma extensão de seu corpo. Procure não segurar na cadeira.
* Nunca movimente a cadeira sem pedir permissão à pessoa.
* Quando escolher outra pessoa para empurrar a cadeira explique que terá que fazer com cuidado.
* O aluno com deficiência física poderá participar de qualquer atividade desde que seja empurrado por alguém.
* Pessoa com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar. São pessoa comuns como você. Geralmente tem inteligência normal.
* Se você não entender o que um Portador de paralisia cerebral diz, peça para repetir, pois isso é importante para que ele exercite a fala, e possa se comunicar com todos.

Quando você encontrar um Paralisado Cerebral, pode se portar da seguinte maneira:




O paralisado cerebral tem necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais. Para lidar com este grupo de pessoas, temos as seguintes sugestões:
* É muito importante respeitar o ritmo do PC, geralmente ele é mais vagaroso naquilo que faz, como andar, falar, pegar as coisas, etc.
* Tenha paciência ao ouvi-lo, pois a grande maioria tem dificuldade na fala. * Há pessoas que confundem esta dificuldade e seu ritmo lento com a deficiência mental.
* Não trate o PC como uma criança ou incapaz. Ele é capaz de raciocinar e agir como as demais pessoas.
* Lembre-se que o PC não é um portador de uma doença grave contagiosa, porque a paralisia cerebral é fruto de uma lesão cerebral, portanto, não é doença e nem muito menos transmissível.
* Ajude o PC quando este lhe pedir e, pergunte o que deve ser feito e como. Muitas vezes, ele tem o seu modo de fazer as coisas e a "ajuda" o atrapalha e/ou inibe.
* Faça o possível para não olhá-lo com pena ou repulsa ou como se estivesse vendo um extraterrestre .Ele é humano. As palavras chave para lidar com o PC são: paciência e respeito.


ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL:


Pessoas com padrão intelectual reduzido, consideravelmente abaixo da media normal.

Relação Professor/aluno:
* Agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência mental.
* Se for criança trate como criança, se for adolescente, trate-a como adolescente, se for uma pessoa adulta, trate-a como tal. Infantilizar não irá ajudar ao aluno.
* Não as ignore. Cumprimente e despeça-se delas normalmente, como faria com qualquer pessoa.
* Não superproteja. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for estritamente necessário.
* Não subestime a sua inteligência. O ritmo delas é mais lento, mais podem adquirir muitas habilidades quando ensinadas (aliás como qualquer pessoa).
* São muito carinhosas.
* Deficiência mental não deve ser confundida com doença mental.


ALUNO COM AUTISMO:





Características:
* Resiste ao aprendizado.
* Hiperatividade física.
* Apego exagerado a objetos.
* Não encara as pessoas nos olhos (Não mantém contato visual).
* As mudanças de rotina os desagrada.
* Dificuldade de interação com outras crianças.
* Parece surdo.
* Não tem medo do perigo eminente.
* Dá risada sem motivos aparentes.
* Às vezes é agressivo e destrutivo (Se autoflagela).
* Resiste ao contato físico.

Para reconhecermos uma criança Autista podemos nos basear em um conjunto de características, que quando persistentes demonstram uma grande possibilidade de Autismo:
* Não se mistura com outras crianças.
* Age como se fosse surdo.
* Repete palavras ou frases (ecolalia).

MITOS
* TODO MUDO É SURDO.
* TODA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL TEM TENDÊNCIA PARA MÚSICA.
* DEFICIÊNCIA É SEMPRE FRUTO DE HERANÇA FAMILIAR.
* EXISTEM REMÊDIOS MILAGROSOS PARA CURAR A DEFICIÊNCIA.
* AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS SÃO ETERNAS CRIANÇAS.
* TODO DEFICIENTE MENTAL É DEPENDENTE.
* NÃO ADIANTA ENSINAR-LHE QUE NADA APRENDE.


























































sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Em busca de uma Escola Plural












Uma sociedade para Todos visa:

* Celebração das Diferenças,
* Direito de pertencer,
* Valorização da diversidade humana,
* Qualidade de vida para todos,
* Direito à felicidade,
* Soma das minoras criando uma maioria absoluta.

BENEFÍCIOS DA INCLUSÃO:
São inúmeros , pois quando se participa junto com outras pessoas acontece um aumento da auto-estima, melhoria da competência física e social e também um aumento na variedade de modelos sociais propiciados pela diversidade dos participantes.

BENEFÍCIOS PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA:
* Modelos adequados nos colegas.
* Assistência por parte dos colegas de turma.
* A criança cresce e aprende a viver em ambientes de inclusão.
* Adquire cada vez mais independência e autonomia.
* Aprende a gostar da diversidade.
* Aprende a trabalhar em grupo.

BENEFÍCIOS PARA ESTUDANTES SEM DEFICIÊNCIA:
* A melhor forma de aprenderem com as diferenças individuais.
* Oportunidade para partilhar a aprendizagem.
* Diminuição da ansiedade face aos fracassos ou insucessos.
* Aprender a respeitar e valorizar o diferente.
* Tem acesso a uma gama bem mais ampla de papéis sociais.
* Perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente.
* Desenvolvem valores como a cooperação e a tolerância.
* Adquirem senso de responsabilidade e melhoram o rendimento escolar.
* São melhores preparados para a vida, entendendo que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano.

A Inclusão, como processo social amplo, vem acontecendo em todo o mundo, fato que vem se efetivando a partir da década de 50.
Segundo Sassaki ( 1997), a inclusão é a modificação da sociedade como pré-requisito para que a pessoa com deficiência possa buscar seu desenvolvimento e exercer a cidadania.
A escola como espaço inclusivo têm sido alvo de inúmeras reflexões e debates. A idéia da escola como espaço inclusivo nos remete às dimensões físicas e atitudinais que permeiam a área escolar, onde diversos elementos como a arquitetura, engenharia, transporte, acesso, experiências, conhecimentos, sentimentos, comportamentos, valores etc. coexistem, formando este locus extremamente complexo.
A grande polêmica está centrada na questão de como promover a inclusão na escola de forma responsável e competente

PAPEL DO EDUCADOR NA INCLUSÃO:
O Educador deve estar atento a alguns procedimentos:

  • Conhecer o grupo de pessoas, notar as necessidades e a partir daí, planejar;
  • Elevar gradativamente o grau de dificuldade das atividades;
  • Sempre demonstrar o exercício ou atividade, para que a criança possa ter uma visão global da tarefa a cumprir;
  • Evitar explicações complicadas e extensas ao iniciar;
  • Elogiar o acerto, mas nunca enfatizar o erro;
  • Sempre ao final da atividade, avaliá-la e se preciso transformá-la;
  • Conversar com todos os interessados (pais e pessoas que trabalhem com você), a respeito de sua conduta pedagógica;
  • Nunca improvise, planeje sempre;
  • Mantenha-se sempre atualizado, e se possível aprofunde-se no assunto, recorrendo à bibliografia existente;
  • Registre sempre as aulas, com fotos, filmagens e anotações (pois é uma ótima forma de avaliar o processo).
  • Na verdade se refletirmos sobre os procedimentos acima veremos que são indicados a todos os Educadores, sejam de inclusão ou não, pois nós Educadores somos co-responsáveis pela construção desse ser humano que chamamos de aluno.

COMO TRATAR UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA?

  • Devemos tratá-las como tratamos qualquer pessoa, entretanto, existem algumas atitudes que devemos evitar quando trabalhamos com pessoas com deficiências.
  • Trate a pessoa com deficiência da mesma forma como trataria qualquer pessoa, sem exageros e discriminações.
  • Nunca subestime o potencial de uma pessoa com deficiência, pois quando você pensa em suas limitações, ele pensa em como superá-las.
  • Converse com ela coisas interessantes e que não façam mal as partes.
  • Elogie sempre que houver um motivo real para isto. Evite elogios desnecessários.
  • Comunique-se sempre com ela, fazendo com que participe integralmente das atividades.
  • Seja natural com ela, sem demonstrar insegurança.
  • Cobre muito da pessoa com deficiência, pois geralmente ela é pouco exigida pelas pessoas. Sempre que é cobrada, ela se sente útil.
  • Use sempre estímulos motores da mesma forma como você usaria em uma pessoa qualquer, sem esquecer os fatores de segurança característicos e individuais de suas síndromes.
  • Devemos sempre comentar com ela os resultados que alcançou, para que possa corrigir eventuais falhas.
  • Uma pessoa com deficiência não pode se sentir inútil e descompromissada com as coisas que o cercam.

QUAIS OS BENEFÍCIOS?

A participação do aluno portador de necessidades especiais na aula de educação física é muito importante para que ele desenvolva suas capacidades perceptivas, afetivas, de integração, e de inclusão social, favorecendo a sua autonomia e independência.

A aula deve ser um exercício de convivência onde as pessoas aprenderão a construir uma nova sociedade, sem discriminação, e com atitudes de solidariedade, respeito e aceitação, onde não haverá lugar para o preconceito e a exclusão.

Em breve algumas dicas de como proceder em sala com os alunos com deficiências. Aceitamos sugestões, comentários, críticas e participações;

Abraços Cooperativos,

Sylvia e Reinaldo Soler

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Qual o tipo de Educador mais comum atualmente? Qual você gostaria de ser?





Vários países além dos EUA tem se utilizado das Estruturas de Aprendizagem Cooperativa criadas por Spencer Kagan. Os resultados tem sido muito positivos e causados grande transformações tanto no aprendizado quanto nas relações interpessoais entre alunos e entre os alunos e educadores.
Fáceis de implementares e divertidas de serem utilizadas , as estruturas de Aprendizagem Cooperativa são excelentes para serem utilizadas em qualquer disciplina, promovendo o aprendizado do conteúdo acadêmico com maior rapidez e maior eficiência d que os métodos tradicionais de ensino.
Segundo Kagan, existem três tipos de professores que expõe os alunos a três tipos básicos de aprendizado.
Imaginemos que numa escola haja três salas, com três turmas e três professores ensinando a mesma disciplina, por exemplo a Língua Inglesa.
Levemos em consideração que na maioria das salas de aulas em escolas regulares temos níveis diferentes de conhecimento prévio a respeito de qualquer disciplina. O conteúdo das aulas é o mesmo, entretanto a metodologia adotada em casa sala será diferente.
Na sala A, temos o Professor A:
Nessa sala ocorre uma aula tradicional. O professor faz perguntas a respeito do conteúdo e aguarda a resposta individual dos alunos, que ora são chamados a responder, ora levantam as mãos para responder.
O resultado desse tipo de aula é que normalmente são os mesmos alunos que levantam as mãos para responderem, que por sua vez são os que menos precisam uma vez que têm o conhecimento e controle do conteúdo abordado.
Por outro lado, alunos que têm maior dificuldade com o conteúdo se escondem atrás desses alunos, e rezam para nunca serem chamados. Esses alunos possuem baixa auto-estima, pois acreditam que não tem capacidade de responder corretamente, e quando são solicitados a responderem e o fazem errado são motivos de risos dos colegas.
Exemplo de aula do Professor A:
O Professor de Inglês pergunta:
" What colors can we see in a rainbow?" ( Quais as cores do arco-íris?)
Os alunos então levantam as mãos e vão nomeando as cores do arco-íris em Inglês. O professor muitas vezes reproduz na lousa as respostas, ou então mostra as cores em um desenho correspondente.
Só participou da atividade quem tem algum conhecimento do vocabulário ou certeza da resposta, ou seja, quem tem algum conhecimento da Língua, enquanto que os que não têm esse conhecimento prévio são excluídos da atividade e consequentemente perdem o interesse pela mesma, distraindo-se. Os alunos inseguros preferem não arriscar, evitando se expor em frente aos demais.
Resultado: Nem todos aprendem, muitos distraem-se ou perturbam a aula com conversas paralelas e brincadeiras. O Professor acredita que estes não tenham interesse ou não se esforçam para aprender e não percebe que contribui para isso.
Na sala B, temos o Professor B:
O Professor B prefere ter suas aulas com os alunos dispostos em grupos para que assim possam aprender melhor. Na aula o professor solicita que eles interajam diante de alguma atividade proposta, sem no entanto orientá-los.
Lança-se uma questão-problema e fornece-se um tempo para que os alunos possam interagir com os parceiros do grupo e encontrar a solução. Entretanto sabemos que o que ocorre na maioria dos trabalhos em grupo é que apenas um ou dois alunos se encarregam de resolver a questão e respondê-las em nome do grupo, enquanto os demais alunos distraem-se conversando, brincando ou divagando , sem participar do processo de aprendizado em grupo, resultado num aprendizado final igual ao do começo.
O professor irá apenas considerar o resultado final, ou seja o trabalho apresentado, não se preocupando com o processo em si, com o aprendizado que será extraído desse processo, avaliando a todos os participantes de igual maneira, independente da contribuição que cada um deu.


Exemplo de aula do Professor B:


O professor divide a sala em grupos com 4 participantes e determina:
" Converse com o grupo e façam uma lista com as cores do arco-íris."
Normalmente o aluno com maior conhecimento da Língua se encarregará da lista. Ele poderá ou não ter ajuda de outros alunos que tenham algum conhecimento, mas é possível que os outros participantes aproveitem a oportunidade para conversarem sobre outros tópicos que não estejam relacionados ao solicitado, se ocupando com coisas diferentes ao aprendizado do vocabulário.
Resultado: Nem todos participam do processo , continuando sem aprender, e o nível de barulho da sala aumenta, assim como a indisciplina, uma vez que os alunos sentem-se liberados para falar.
Na sala C, temos o Professor C:


Nessa sala o Professor divide os alunos em times com 4 participantes, e faz uso das Estruturas de Kagan a fim de promover o aprendizado.
Apesar de estarem sentados em grupos, os alunos são orientados em como proceder e a interação é exigida o tempo todo, de maneira estruturada, seguindo os conceitos básicos onde todos são responsáveis pela produção, e terão que participar de maneira igual.
O professor lança uma questão em conjunto com a estrutura pré-definida por ele para ser utilizada pelos times de maneira que os alunos alcancem o resultado cooperando entre sim.
Após lançar a questão, o professor dá um tempo para reflexão e interação entre os alunos através da Estrutura solicitada e o conteúdo ensinado. Mesmo com a participação de todos os alunos, sabemos que os alunos que sabem mais poderão contribuir e orientar aos que contribuir com menos. Entretanto, os alunos que tem maior dificuldade , ainda assim poderão contribuir com algo e perceberão que sua contribuição irá ajudar no resultado final, sentido-se parte integrante do time. A auto-estima destes alunos tende a aumentar e com isso seu interesse e comprometimento serão estimulados.
Exemplo de aula do Professor C:
Nesse caso o professor pede que no time os alunos trabalhem em pares. Os alunos olham para o parceiro sentado a sua frente e façam a Estrutura chamada RallyRobin, ou seja, um a cada vez deverá nomear uma das cores do arco-íris em Inglês.
Resultado:
Maior participação, isso porque a participação é parte do processo como um todo. Cada aluno terá sua vez para contribuir com a atividade. Os alunos terão que contribuir com a atividade. Caso seja um aluno com maior dificuldade, os parceiros na atividade terão um papel importante , onde irão encorajar, apoiar e se necessário orientar esse colega. Quando se termina a atividade os alunos devem celebrar.
Desta maneira é exigida uma maior atenção dos alunos. O aprendizado é divertido e interessante, tornando-se um processo saboroso ao invés de doloroso.
Através das Estruturas, o aprendizado ocorre por meio da cooperação, os valores humanos são contemplados durante todo o processo, pois é necessário respeito, atenção, saber ouvir e esperar a vez, compreender e aceitar a opinião do próximo, respeitar as dificuldades dos outros, exercitar a empatia. Além disso os alunos são estimulados a elogiarem os colegas por suas contribuições, a trabalharem com todos independente das diferenças, aprendendo assim a serem mais felizes e melhores como seres humanos.
Kagan afirma que é possível em algum momento sermos um dos três professores. Em momento algum dizemos que algum professor é melhor ou pior do que ou outro, sempre dependendo da situação. É claro que em algumas situações o trabalho individual se fará necessário, entretanto não devemos fazer com que seja permanente. Quanto mais agirmos como o professor que faz uso das Estruturas perceberemos que melhores serão os resultados obtidos.
Pesquisas realizadas sobre o uso da Aprendizagem Cooperativa em várias escolas pelos EUA comprovam que os alunos que são expostos a essa metodologia possuem um maior aprendizado com maior retenção e sedimentação dos conhecimentos, e consequentemente um maior aprendizado. Alunos expostos a Aprendizagem Cooperativa além de aprenderem o conteúdo, são também expostos aos valores sociais e humanos, aprendendo fundamentalmente a conviver uns com os outros na escola e na vida.
Deixe sugestões de atividades que poderiam ser realizadas para o Professor do tipo Cooperativo ( Tipo C).

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

APRENDIZAGEM COOPERATIVA




1. O QUE É COOPERAÇÃO?
No dicionário de Língua Portuguesa COOPERAÇÃO significa trabalhar e ajudar para alcançar um objetivo comum.
Para Piaget( 1973) cooperação é definida como co-operação, ou seja, cooperar na ação é cooperar em comum. Caracteriza-se pela coordenação de pontos de vista diferentes, pelas operações de correspondência, reciprocidade ou complementaridade e pela existência de regras autônomas de condutas fundamentadas de respeito mútuo.
Para que haja uma cooperação real são necessários as seguintes condições: existência de uma escala comum de valores; conservação da escala de valores e existência de uma reciprocidade na interação.
Finalizando, segundo Brotto (1999), a Cooperação é um processo de interação social, onde os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os benefícios são distribuídos para todos.

E a APRENDIZAGEM COOPERATIVA? O que vem a ser isso?

No final do século XIX John Dewey (1859-1952) falava sobre a organização da escola que se preocupasse com “o desenvolvimento de um espírito de cooperação social e de vida comunitária” (Dewey, 2002, p. 25).
A escola ideal deveria ser um local onde as pessoas pudessem trocar idéias, sugestões, terem liberdade para se comunicares, e trocarem resultados de experiências anteriores bem ou mal sucedidas e a escola onde os estudantes tivessem que decorar lições era inadmissível para Dewey.
Nos anos 70 , Roger e David Johnson , considerados os precursores da Aprendizagem Cooperativa, publicam várias obra sobre cooperação e resolução de conflitos, desenvolvimento de competências sociais.
Spencer Kagan,psicólogo e estudioso da APRENDIZAGEM COOPERATIVA, afirma que esse é um método de ensino onde times pequenos e heterogêneos de alunos trabalham juntos para alcançarem um objetivo em comum. Em time os alunos trabalham para aprender e são responsáveis pelo próprio aprendizado, mas também de todo time. No entanto, há que se saber a diferença entre o trabalho em time onde os alunos não se comprometem com o resultado, e o time que é estruturado para ser um time cooperativo.
Faz algum tempo que os professores têm discutido, estudado e aprendido sobre maneiras positivas de se conseguir uma melhor interação entre os seus alunos e o conteúdo programático.
Nesses estudos ,os Educadores passam algum tempo também tentando criar ferramentas para que eles próprios consigam uma interação melhor com seus estudantes fazendo com que eles se interessem mais por suas aulas, entretanto a interação e integração entre os alunos têm sido erroneamente negligenciada.
Através da interação entre os alunos pode-se traçar um perfil do mecanismo de aprendizado dos alunos, percebendo como eles se sentem sobre a escola e sobre seus professores, como eles se sentem e se relacionam com seus colegas, e também sobre a auto-estima dos alunos.
Como dito anteriormente em outros post há três maneiras básicas que os alunos podem aprender conforme interagem uns com os outros, são elas:
COMPETIÇÃO, INDIVIDUALIZAÇÃO E COOPERAÇÃO.

Infelizmente nos dias atuais o que vemos ser mais estimulado nas escolas é a Competição. Para muitos alunos , a escola é vista como uma competição, onde os aluno são cobrados a disputar o primeiro lugar, emuitas vezes é estimulado pela escola e pelos professores a participar desta competição pela melhor nota, a não se preocupar com seus colega e nem com o processo do aprendizado. O que leva muitas vezes ao aluno a trapacear para conseguir seu objetivo, uma vez que o que ele entende disso tudo é que o que conta é o resultado.
Segundo Johnson & Johnson, essa competição começa assim que o aluno começa sua vida escolar e torna-se mais violenta conforme ele vai passando para as séries seguintes. Ainda é rara a cooperação entre os alunos , que passam a perceber e a se preocupar com o time ao invés de se preocupar apenas consigo próprio, que estimula e ajuda os colegas , que comemora quando algum colega consegue progredir e que aprendem a trabalhar uns com os outros valorizando os valores humanos, e despidos de preconceitos raciais ou sociais , não se importando com o sexo, opção religiosa, e capacidade intelectual de seus colegas.
Sabemos no entanto que esse modelo de interação não é benéfico a ninguém. Alunos não aprendem conceitos e habilidades, não sabem interagir com cada um desses modelos. Haverá casos em que as três situações de interação, competição, individualização e cooperação, poderão acontecer simultaneamente e os alunos deverão ser capazes de lidar com as três com eficiência. Somente assim serão capazes de escolher o tipo de interação mais apropriado a ser usado a cada situação apresentada.
Em uma situação de competição interpessoal não ocorrerá uma interdependência positiva, pois para um ganhar outros terão que perder. Como exemplo podemos citar a competição de soletrar que ocorreu no programa do Luciano Huck em conjunto com a rede pública de ensino, onde o campeão e a escola do mesmo ganhariam prêmios em dinheiro em detrimento dos demais alunos que talvez tenham estudado muito mais, aprendido muito mais em comparação consigo mesmo, mas não o suficiente para vencer , outros exemplos são atividades de corrida onde os alunos correm para pegar a resposta certa, talvez outros até saibam a resposta, mas não corram com tanta destreza, e portanto são considerados “perdedores”, não importando o conhecimento. Já no aprendizado individualista, os alunos trabalham sozinhos, sendo independentes uns dos outros, o sucesso de seu trabalho depende exclusivamente de seu esforço individual, assim como o fracasso. Os resultados dos colegas não interferem com o seu próprio resultado. Exemplo, ditado, onde cada aluno escreve as palavras ditadas pelo professor, e a pontuação feita depende exclusivamente do conhecimento individual de cada aluno, quem atingir determinada porcentagem de palavras corretas terá conseguido a nota satisfatória.
Por fim, na APRENDIZAGEM COOPERATIVA, a interação causa uma interdependência positiva com a “responsabilidade individual”. Para ocorrer a interdependência positiva é necessário que o time aceite e entenda que ou todos irão ganhar ou todos irão perder, não haverá um único vencedor, mas sim o time todo, e portanto todos deverão trabalhar e cooperar para que possam assim atingir o objetivo desejado. Podemos citar um jogo cooperativo de soletrar, onde os alunos trabalham juntos em pequenos times ajudando uns aos outros a aprenderem as palavras para que possam fazer o teste do ditado que ocorrerá num outro dia. Cada resultado de cada aluno em seu teste será aumentado por pontos bônus que estarão ligados ao resultado do time, se o trabalho do time foi satisfatório e se a somatória das notas do time atingir uma cota pré – determinada. Na aprendizagem cooperativa os alunos deverão se preocupar não somente com a sua capacidade de soletrar e conhecer as palavras , mas também com a capacidade dos colegas do time, ou até da sala toda. O critério utilizado sobre o aprendizado se será para o time ou para a sala toda, dependerá do que for previamente combinado entre a sala e o professor, bem como os pontos de bônus que receberão pela meta estabelecida alcançada.
O time cooperativo entende que a responsabilidade individual significa que todos os alunos sabem a sua parte e contribuem com o time para que possa atingir seu objetivo de maneira satisfatória. Apenas colocar os alunos em time não garantirá uma aula cooperativa, nem tão pouco a interação cooperativa, para que isso ocorra o professor deverá estruturar a aula e os times , utilizando atividades que visem a cooperação de todos, como veremos mais adiante.
A APRENDIZAGEM COOPERATIVA aumenta a motivação intrínseca dos alunos que passam a querer cooperar e participar das aulas, aumentando assim sua auto-estima. As relações étnicas melhoram e o “bullying” diminui, pois os alunos passam a se relacionar com todos e não somente com os mesmos colegas de sempre, passam a aprender valores sociais como respeito, cortesia, generosidade, saber ouvir, respeitar a opinião do próximo, entre outros.